31 de agosto de 2017

Dias como estes

Estou cansada. Mesmo cansada. Tem sido um looooongo verão, com os três miúdos em casa, um calor que não se aguenta, o que dificulta sair à rua (ou a qualquer lado) e (n)os torna rabujentos.
Há dias em que só me apetece arrancar os cabelos, bater com a cabeça nas paredes ou sair porta fora. Há dias em que ninguém me ouve. Falo com jeito: nada. Falo mais alto: népia. Dou um grito: nope, nem olham para mim. Só consigo uma resposta com uma palmada no rabo, caraças! Desligo a televisão e começam a implicar uns com os outros, ou a fazer o sofá de trampolim, a atirar as coisas para o chão, a gritar, a chorar... Todo o dia é "mãemãemãemãemãe", "o que é o almoço?", "tenho fome!", "posso comer uma bolacha?", "áua, áua!!!", "buáááááááá´". Todo o dia tenho mãos em cima de mim, corpos, pés, sou bar, colchão, trampolim, sofá.
Limpo alguma coisa e imediatamente fica suja. Arrumo algo e é logo desarrumado. Digo que não 1586 vezes e continuam a tentar, a pedir, a puxar....
Chego ao fim do dia e já estou vazia. A minha vida é dar tudo, não consigo guardar nada para mim, não tenho um minuto para mim. Chega a um ponto e já não há mais nada de bom para sair, só porcaria.
E quando desabafo? "Tens de ter paciência!", "Eles ainda são pequeninos", "Tens de sair um bocadinho", "Estás a fazer isto mal"... Como se já não me sentisse culpada suficiente por não lhes dar a atenção de que precisam, de não ter a paciência necessária, por lhes gritar tanto... Claro que a culpa é minha, eu sou a mãe, não é?
Tenho um hobby, mas não tenho tempo para ele, ou se tenho tempo, estou tão ansiosa e cansada que não consigo fazer nada.

Tenho saudades de quando eu era só a Pisco. Quando podia ser eu, sem julgamentos, sem medos, sem culpas. Quando ninguém dependia de mim, quando o que eu fazia só tinha consequências para mim.


Mas continuo aqui. Ainda não saí porta fora, não arranquei os cabelos, bati com a cabeça nas paredes ou atirei alguém pela janela. Porquê?
Porque sei que vai passar. Porque hoje abri o Facebook e vi o post da Tova e percebi que também ela se sente assim às vezes. Que, apesar de me ter sentido tão só ontem à noite quando fui chorar para a casa de banho, não sou a única a passar por isto. Que isto pode ser uma grande merda, mas ao mesmo tempo amamos os nossos filhos e não trocaríamos esta vida por nada. Porque é preciso desabafar para deitar tudo cá para fora e também para lembrar outras mães que não estão sozinhas.

Agora: se leste este desabafo até aqui, parabéns!
- se és mãe: estás a fazer um óptimo trabalho, vai ficar tudo bem, não tens culpa, és uma mãe maravilhosa (come um chocolate);
- se és o(a) companheiro(a) de uma mãe: diz-lhe que a amas, que ela é linda, uma excelente mãe, que a culpa não é dela, dá-lhe mimo (sem segundas intenções - a não ser que ela queira), fica com os miúdos e faz o jantar enquanto ela relaxa (quando puder) (dá-lhe chocolate)
- se conheces uma mãe: diz-lhe que é uma óptima mãe, que os miúdos estão muito bem, que a culpa não é dela, que está a fazer tudo bem, leva-a a tomar um café (ela bem precisa) para pôr a calhandrice em dia (comam chocolate).



2 comentários:

  1. Adoro este blogue, meu Deus como ainda não tinha parado 1 pouco para ler. Conhecendo os 3 pestinhas, consigo imaginar estes episódios. E tu Sónia, não és 1 mãe és uma SUPERMÃE�� (agora tenho com que me entreter, ler o teu blog e comer 1 snickers��

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  2. Oh Ana! Tão bom ler estas palavras! Vou tentar escrever mais vezes só para comeres mais snickers :D Bjinhos de supermãe para supermãe (sim, que tu também tens a tua dose!)

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