29 de maio de 2013

O dia mais feliz da minha vida

Ouço ou leio muitas vezes as pessoas referirem-se ao dia do seu casamento ou ao nascimento dos filhos como "o dia mais feliz da minha vida".
Pessoalmente, não encontro um dia que possa considerar como o mais feliz da minha vida.

O dia em que me casei foi especial, sim. Mas o mais feliz? Sempre achei que não era esse o dia mais importante, mas sim os que se seguiriam, a nossa vida de casados. Se o dia de casamento fosse o mais feliz da vida, nem valia a pena casar!

E quando os meus filhos nasceram? Foram dias bons, sim, de muito alívio e ternura, cansaço e descoberta. Mas não me apaixonei logo ali por eles. Já os tinha começado a amar durante a gravidez. Quando os vi pela primeira vez reconheci-os logo, sim, como se sempre os tivesse conhecido, mas a nossa ligação foi estabelecida ao longo dos meses e anos seguintes, não apenas naquele dia. Se dissesse que tinha sido o dia mais feliz da minha vida, que diria dos que vieram a seguir?

Há dias bons, maus, assim-assim, e há aqueles dias memoráveis. Agora dizer que apenas um dia foi o mais feliz? Só se for o dia de hoje. Para ser substituído por amanhã, e depois de amanhã, e por aí adiante.

26 de maio de 2013

Saudades da barriga

Estou de novo com saudades de estar grávida.
Espera, o quê?! Já me esqueci dos desconfortos, das dores nas costas, das dores nas ancas, do cansaço, das noites difíceis de dormir, dos pontapés nas costelas e outras zonas sensíveis, de me sentir um barril, das contracções?

Não, mas estou também a relembrar as coisas boas:

O salto que o coração dá ao ver o teste positivo (e pensar no que é que me fui meter).

A sensação deliciosa de guardar um segredo quando a barriga ainda não cresceu e só por isso sorrir assim sem mais nem menos a qualquer hora do dia.

Estar sempre a acariciar a barriga.

A primeira ecografia e ver o bebé mexer-se tanto sem que se sinta nada.

Os primeiros pontapés.

Todos os pontapés.

Os soluços do bebé (quase todos os dias à mesma hora).

Sentir o bebé mover-se e espreguiçar-se.


Só de lembrar tudo isto sinto imensas saudades, daquelas que chegam a doer e a fazer o coração acelerar... Raios partam o instinto maternal!


I'm missing being pregnant again. Wait, what?! Have i forgotten the discomfort, back pain, hip pain, fatigue, hard to sleep nights, the kicks on the ribs and other tender areas, feeling like a barrel, the contractions?

No, but i'm also remembering the good things:

The leap the heart makes when the test turns positive (and thinking what have i gotten into).

The delicious feeling of keeping a secret when my belly hasn't began to grow, thus smiling just like that any time of the day.

Caressing my belly all the time.

The first ultrassound and seeing the baby moving so much without feeling anything.

The first kicks.

Every kick.

The baby's hickups (everyday, same hour).

Feeling the baby moving and stretching.

Just rememberind all that makes me miss it so much it hurts and my heart starts to jump... damn the mother instinct!

5 de maio de 2013

Passagem de testemunho

Sempre achei que há um momento em que herdamos o mundo. Quando o testemunho nos é passado e passamos a ter uma palavra a dizer e aquilo que fazemos faz a diferença. Deixamos de ser miúdos e passamos a ser adultos.
Esse momento pode ser em qualquer altura: quando fazemos 18 anos, quando tiramos a carta, quando votamos pela primeira vez, quando acabamos o curso, o casamento, o primeiro emprego.......
Para mim, nada disso me fez sentir diferente. Não me sentia adulta. Cá dentro ainda me via como uma miúda, como se o mundo fosse dos outros e eu ainda estivesse em treino.
Então qual foi esse momento em que herdei o mundo?
 
Quando me vi sozinha com o meu filho recém-nascido e me apercebi: sou a responsável por este ser tão pequenino. O meu filho depende totalmente de mim.
 
A partir daí desconforto, cansaço, preguiça, fome ou insegurança deixaram de ter tanta importância. Havia algo mais importante: o bebé. Ele primeiro, o resto depois.
Deixei de ter receio de falar com outras pessoas para pedir ajuda, informações, esclarecimentos, o que fosse, coisas que dantes evitava a todo o custo.
Tornei-me adulta quando me tornei mãe. Para mim, não há tarefa mais importante. Sou responsável por preparar os meus filhos para o mundo e também o mundo para os meus filhos. Ganhei uma nova perspectiva da vida. A minha própria vida, a minha saúde, ganharam uma maior importância.
Não quero com isto dizer que de repente passei a saber tudo. Pelo contrário, subitamente apercebi-me do pouco que sei, e na maior parte das vezes ajo por instinto, esperando não estar a fazer demasiadas asneiras. Mas hoje, com dois filhos pequenos, apesar das incertezas, sinto a confiança de uma pessoa crescida, adulta, porque sinto que finalmente estou a fazer aquilo que devo fazer: ser mãe.
 
Tenho o mundo nas mãos, sim, sinto o seu doce peso quando pego nos meus filhos.

 
I always believed that there's a moment when we inherit the world. When the torch is passed to us and we begin to have a word to say and what we do makes a difference. We are no longer kids and become adults.
This moment can happen at any time: when we turn 18, when we get the driver's license, when we vote for the first time, when we graduate, our wedding, our first job....
For me, none of that made me feel diferent. I didn't feel like an adult. Deep inside i still saw myself as a kid, like the world was everyone else's and i was still in training.
So in what moment did i inherited the world?
 
When i found myself alone with my newborn son and it hit me: I am responsible for this tiny being. My child is totally dependent of me.
 
Since then, discomfort, fatigue, lazyness, hunger or insecurity lost importance. Something was more important: the baby. Him first, the rest later.
I stopped being affraid of talking to other people to ask for help, information, elucidation, whatever, which before i would avoid at any cost.
I became an adult when i became a mother. To me, there isn't a more important task. I'm responsible for preparing my children for the world and also the world for my children. I have gotten a new perspective on life. My own life, my health, are more important.
I don't mean by this that suddenly i know everything. On the contrary, suddenly i became aware of the little i know, and most of the time i act by instinct, hoping i'm not screwing up too much. But today, with two small children, in spite of the uncertainty, i feel the confidence of a grownup, an adult, because i feel that finally i'm doing what i'm suposed to do: being a mom.
 
Yes, i have the world in my hands, i can feel its sweet weight when i carry my children.
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